Dino
Zoff celebra esta terça-feira o seu 70º aniversário, quase três décadas
depois de levantar o troféu da Copa do Mundo e 44 anos após ter
ajudado a Itália a conquistar o Europeu de 1968. Conhecido como "Il
monumento del calcio italiano (O monumento do futebol italiano)", o
antigo goleiro é uma das personalidades futebolísticas mais
respeitadas no país. Somou 112 jogos com a Azzurra e, como
treinador, conduziu a seleção a Itália à fase final da EURO 2000.
Nas palavras do próprio: "Sempre preferi as ações às palavras."
Aos
14 anos media apenas 1,60 metros de altura e a avó fazia-o beber oito
ovos crus para acelerar o crescimento, mas o sacrifício acabaria por
compensar: muito tempo depois jogou cartas com o Presidente italiano
Sandro Pertini, o técnico Enzo Bearzot e o colega de equipe Franco
Causio no voo de regresso a Roma após ganhar a Copa do Mundo. São
apenas dois exemplos de episódios que valeram a Zoff o estatuto de
figura de culto em Itália. O blog Juventus Brasil celebra o aniversário do ex-goleiro da Udinese Calcio, AC Mantova, SSC Napoli e, sobretudo, da
Juventus, recordando cinco momentos marcantes de uma carreira que durou
22 anos.
10 de Junho de 1968: Itália 2-0 Iugoslávia, EURO 1968:
Zoff
teve uma estreia simplesmente espetacular na seleção. Aos 26 anos,
debutou na segunda partida das quartas-de-final contra a Bulgária, em que a
Itália recuperou de uma derrota, por 3-2, em Sófia, vencendo em casa por
2-0. Confirmado como titular para a fase final, a ser
disputada por quatro equipes na Itália, Zoff não sofreu qualquer gol na semi-final contra a União Soviética (0-0), que acabaria por ser
decidida por um sorteio de cara ou coroa.
A Iugoslávia dominou a final em
Roma, mas Zoff ajudou a Itália a conseguir um empate (1-1), após
prorrogação, e viu a decisão ser adiada para um segundo jogo entre as equipes, dois
dias mais tarde. E, à quarta aparição com a Azzurra, o goleiro somou o
terceiro jogo sem sofrer gols para se tornar campeão europeu com uma
vitória por 2-0. "Sentimos muitos problemas diante da Iugoslávia",
recordou Zoff. "Para ser honesto, não merecemos o empate no primeiro
jogo, mas fomos simplesmente perfeitos na partida de desempate."
14 de Novembro de 1973: Inglaterra 0-1 Itália, jogo particular
Fabio
Capello marcou o gol mais famoso da sua carreira como jogador, mas a
primeira vitória italiana em Wembley não teria sido possível sem uma
série de estupendas defesas de Zoff: duas no 1º tempo em chutes de
Tony Currie e uma ainda mais espectacular depois do intervalo a negar o
gol a Emlyn Hughes.
Este encontro realizou-se durante o recorde
mundial de 1142 minutos seguidos de Zoff sem sofrer gols. Segundo
classificado na votação para Bola de Ouro de 1973, atrás de Johan
Cruyff, nas vésperas do Mundial de 1974 a imagem de Zoff surgiu na capa
da revista Newsweek com o título: "O melhor do Mundo."
18 de Maio de 1977: Athletic Club 2-1 Juventus (total 2-2, Juve ganhou devido aos gols fora), partida de volta da final da extinta Copa da UEFA
A
Juventus chegou a Bilbao após vencer o primeiro jogo, por 1-0, em Turim e
não demorou a ampliar a vantagem com um tento de Roberto Bettega. No
entanto, o Athletic foi para o ataque em San Mamés e Javier Irureta e
Carlos Ruiz deram a volta ao jogo e deixaram os bascos a um golo da
vitória. Mas Zoff estava no gol e a Juventus levantou o troféu.
"Depois
do segundo gol deles, o Zoff chutou a bola para fora da baliza",
lembra Giovanni Trapattoni. "Perguntou-me quantos minutos faltavam.
Respondi-lhe que faltavam 12 e ele não escondeu a sua desilusão. Foi
muito difícil resistir até ao apito final, mas os minutos foram passando
e, depois, o melhor goleiro do Mundo estava sorrindo novamente."
15
de Março de 1978: Juventus 1-1 AFC Ajax (total 2-2, Juve venceu por 3-0
nos pênaltis), partida de volta das quartas-de-final da Liga dos Campeões
Tida como uma das melhores exibições de
Zoff nas competições europeias, o encontro acabou com todos os jogadores
da Juve a abraçarem o golwiro e os torcedores a gritarem "Dino,
Dino". Os "bianconeri" tinham acabado de garantir a presença nas semi-finais: o Ajax não converteu nenhuma das suas penalidades e
Zoff defendeu as tentativas de Ruud Geels e de Pim van Dord.
Mas a
Juventus acabaria por ser eliminada nas semi-finais e Zoff acabou por
nunca vencer a Liga dos Campeões: perdeu duas finais, uma das quais de
forma surpreendente contra o Hamburgo, em Atenas, decidida com um gol
de Felix Magath. "Foi a maior desilusão da minha carreira", disse Zoff,
a propósito. "Tínhamos uma equipa de campeões, muitos dos quais tinham
ganho o Mundial no ano anterior, além do Michel Platini e do Zbigniew
Boniek. Chegamos à final sem perder qualquer jogo, mas, depois, aquele
golo do Magath..."
5 de Julho de 1982: Itália 3-2 Brasil, segunda fase de grupos da Copa do Mundo 1982
O
favorito Brasil só precisava de um empate para chegar às semi-finais,
mas a Itália viu-se a vencer por 3-2 com o famoso "hat-trick" de Paolo
Rossi. Os sul-americanos partiram desesperadamente para o ataque e o zagueiro Óscar teve um cabeceamento incrível que apenas Zoff
conseguiu travar com um mergulho fantástico para a esquerda.
"Não
foi a minha melhor defesa, mas, provavelmente, foi a mais importante",
lembrou o goleiro. "Sabia que a bola não tinha entrado, mas
foi terrível esperar pela decisão do árbitro enquanto os jogadores
brasileiros gritavam a pedir que o gol fosse validado." E foi essa
defesa que permitiu à Itália chegar às semi-finais, fase na qual bateu a
Polonia, antes da vitória, sobre a República Federal da Alemanha, por
3-1, que permitiu a Zoff tornar-se no mais velho jogador a levantar o
troféu de campeão mundial.
Na Juventus Zoff venceu 6 italianos, uma Liga Europa, duas Copas da
Itália como jogador, uma Liga Europa e uma Copa da Itália como técnico. Foram 330 jogos com a "maglia bianconera" no período entre os anos de 1972 e 1983. Zoff treinou a Juve entre 1988 e 1990.
Dino comentou em várias entrevistas que "nasceu para ser goleiro" e que seus maiores ídolos no esporte eram Giovanni Viola e Gordon Banks.
Melhores momentos de Zoff na Juve: