segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Saiu a magia francesa, entrou a eficiência alemã

Khedira comemora seu segundo gol na Serie A em dois jogos

A temporada 2016/2017 da Juventus começava com a mesma incerteza da temporada 2015/2016: o meio-campo havia perdido duas de suas principais peças. Na temporada passada, Andrea Pirlo e Arturo Vidal deixaram o Piemonte e embarcaram em aventuras distintas, o regista seguiu para a MLS, enquanto o chileno foi para a Bundesliga. Nessa temporada, o francês Paul Pogba seguiu para a terra da Rainha enquanto Claudio Marchisio se lesionou seriamente no final da temporada passada e seria desfalque por algum tempo na primeira metade do segundo semestre de 2016.

Miralem Pjanic foi contratado para trazer uma qualidade que havíamos perdido com a saída de Pirlo, apesar de serem de posições um pouco distintas. O Arquiteto geria o jogo da parte de trás do meio-campo, enquanto o bósnio trabalha mais próximo da área, mas inerentemente, ambos são responsáveis pela articulação e fluidez do meio-campo bianconero. A questão é que a saída de um nada tem haver com a saída de outro, ou seja, havia esperanças de termos uma fantástica trinca composta por Marchisio, Pogba e Pjanic.

Infelizmente não será nessa temporada, ou tão em breve, que veremos esse trio jogando juntos oficialmente por aqui. E até a partida desse final de semana não vimos nem o bósnio iniciando uma partida. Pjanic não teve espaço no time titular, Max Allegri está optando por fazer a mesma coisa que fez com Dybala na temporada passada, introduzir as novas peças aos poucos. No caso de Pjanic não entendo porque a demora em abrir espaço para o jogador no time titular, ele fez toda a pré-temporada com o clube, fez algumas boas exibições nos amistosos e já está integrado ao sistema juventino. Já Pipita chegou depois e ainda precisa de um tempo para adquirir sua melhor forma física, mesmo tendo deixado sua marca diante da Fiorentina.

Talvez o fato de termos um começo de tabela forte, já que nas duas primeiras rodadas enfrentamos a Fiorentina em casa e a Lazio na capital italiana, esteja pesando na avaliação do mister bianconero. Afinal de contas, enfrentamos duas equipes de excelente qualidade e que não venderam barato as suas derrotas nos dois últimos finais de semana, e que além disso, devem figurar na parte superior da tabela ao final da temporada. Felizmente, a equipe venceu suas duas partidas e afastou o fantasma da ausência de dois de seus principais jogadores da temporada passada, diferentemente do ocorrido no começo da temporada 2015/2016.

A principal surpresa desse começo de temporada foi Kwadwo Asamoah, o meio-campista ganês vinha de um longo tempo afastado por problemas no joelho e fez duas partidas muito boas no começo do campeonato italiano. Mario Lemina também se mostrou bem confortável com a responsabilidade de lutar pela posição com Pjanic e não desapontou. Mas o grande nome dessas rodadas inaugurais foi Sami Khedira, dos 3 gols da equipe, ele marcou 2 e ainda foi fundamental para que Gonzalo Higuaín pudesse marcar o gol da vitória diante da Viola.

O alemão vem demonstrando extrema inteligência tática e um posicionamento perfeito, que o deixa sempre preparado para concluir a jogada, seja com a finalização, seja com o último passe. Notoriamente, a equipe nunca perdeu uma partida na Serie A com o jogador em campo (são 22 jogos na Serie A, 21 vitórias e 1 empate) e se esticarmos mais um pouco para minutos em que o alemão esteve em campo, sua única derrota, diante do Bayern de Munique nas oitavas-de-final não contaria, pois a equipe ruiu após a saída de Khedira.

A ausência de um armador centralizando as jogadas no meio-campo, obrigou Dybala a recuar mais para armar as jogadas da equipe, esse recuo abriu espaço para que a inteligência e entendimento do jogo do camisa 6 fazem com que ele seja o jogador mais letal do time nesse momento. Nos dois gols da primeira rodada, ele apareceu de frente para o gol, livre e desmarcado, em uma balançou as redes, na outra, a bola sobrou para Higuaín marcar. Na segunda partida, recebeu assistência magistral de La Joya e mostrou uma frieza digna de um atacante que vale milhões de euros.

Khedira já mostrou suas credenciais defensivas na temporada passada e nessa temporada vai reforçando suas qualidades no terço final do campo, o alemão não é um jogador extremamente técnico, com uma visão de jogo apurada ou capaz de lances plásticos e de magia, mas a eficiência e a inteligência sobrepõe esses atributos e transformaram ele no atual protagonista dessa equipe. Que a eficiência alemã continue nos brindando com gols e assistências, pois a magia do futebol reside na vitória.



terça-feira, 9 de agosto de 2016

Paul Pogba versus O que é ser Juventus


Aparentemente essa é minha estreia como blogueiro oficial do Juventus Brasil, já que meus outros textos foram todos como convidados. A medida que os jogos forem retornando, meus posts por aqui devem aumentar significativamente.

Meu último texto (ainda como convidado) foi postado quanto confirmamos o quinto scudetto consecutivo, como os jogos pararam, resolvi me abster de escrever porque o aspecto de uma crônica se perde com os sentimentos que uma pré-temporada gera. Só observar a mudança de tom dos torcedores com a especulação de Pogba e a saída de Pogba. Eu fui um dos que ficou chateado com a transferência, mas nada haver com as opções de Pogba em sua carreira, apenas dois motivos: o dinheiro do Pogba serve apenas para amenizar a chegada de Higuaín e por termos que readaptar o estilo de jogo da equipe, já que não existe ninguém capaz em nosso elenco para realizar o que Pogba realizava no centro-esquerdo do meio-campo bianconero.

Contudo não estou aqui para falar sobre Pogba, estou aqui para reforçar o tamanho da Juventus e dizer que Pogba não é ninguém perto da Juventus e de qualquer ídolo da Juventus. E devo dizer que após essas semanas, Padoín é muito mais ídolo da Juventus do que o francês. Mas por que eu quero reforçar o tamanho da Juventus para os torcedores da Juventus? Muitos de nós começamos a torcer por um time europeu por motivos mais simplórios como acompanhar um jogador, as cores do uniforme ou por causa de uma boa temporada.

Eu adotei a Juventus por causa de Gianluigi Buffon, quando era mais novo, jogava futebol como goleiro e obviamente o nosso arqueiro era um dos meus espelhos e por sua causa, comecei a acompanhar a Juventus pré-Calciopoli. Aos poucos o que nutria pelo jogador foi aumentando a medida que conhecia mais a história da Juventus e foi até reforçado com toda a injustiça de 2006, o que era motivo para acompanhar um jogador, se tornou o motivo por si só. Porém, ao longo desses mais de 10 anos como juventino, uma coisa que nunca deixei de defender foi a instituição, o clube. Acredito piamente que em um clube de futebol jogadores vem e vão, mas a torcida é quem fica.

São os torcedores que aguentam o fardo de uma péssima temporada, a seca de títulos ou até mesmo uma Série B injusta. E se tem um clube que entende que o mais importante de tudo é a instituição, o time de futebol,  é a nossa Velha Senhora. Os valores desejados por aqui são diferentes de qualquer lugar do mundo, já que não tiveram pudor nenhum em abrir as portas para o maior jogador da equipe, Alessandro Del Piero e acreditem, se Buffon ainda não fosse esse goleiro longevo e eterno, teria seguido os mesmos passos de D10s Piero.

Precisava ter vendido Paul Pogba por "apenas" 105 milhões? Não precisava. Precisava ter deixado Del Piero sair de maneira injusta? Não precisava. Precisava ter gastado quase 140 milhões de euros só para demonstrar poder perante a Serie A Italiana? Não precisava.

Mas tudo isso é feito com um único objetivo em mente, não importa quem está chegando e quem está saindo, o que existe é a necessidade de contar com jogadores que querem vencer, que querem se tornar vencedores, que querem ser implantados com a mentalidade absoluta de vitória a todos os custos. Como dizia o lendário Boniperti: "Vincere non è importante: è la sola cosa che conti". Traduzindo: "Vencer não é importante: é a única coisa que importa".

Essa é uma frase que carrega muito do simbolismo do que a Juventus representa no futebol mundial, pois até Sir Alex Ferguson já falou a respeito desse desejo irrefreável da Juventus pela vitória e que utilizava isso como exemplo para seus jogadores. Não importava o técnico, não importava os jogadores, não importava o adversário, não importava a competição, o desejo pela vitória era sempre o mesmo.

Recentemente outro treinador falou a respeito disso, Slaven Bilic, do West Ham nos dias que antecederam o confronto entre as duas equipes. As palavras de Bilic, foram assim: "A Velha Senhora é um dos maiores clubes europeus, eles são mais que um clube se você preferir. Eu gosto muito de usá-la quando quero ilustrar um ponto quando falo com jogadores, comissão e amigos. "Sim", eu digo, "Futebol é um esporte mas na Juventus é um esporte para homens.". É profissional, sério e ninguém é maior que o clube. Eles tiveram grandes jogadores ao longo da sua história, tais quais Michel Platini, Liam Brady, Roberto Baggio, Zinedine Zidane e Alessandro Del Piero. Mas é sempre a Juventus em primeiro lugar e depois as pessoas, o que é sensacional e é assim que deve ser".

As palavras do treinador croata já são o suficiente. Superamos Platini, Baggio, Zidane, Nedved e infelizmente, até Del Piero. Quem é Pogba perto desses jogadores? Desejo toda a sorte do mundo para o nosso ex-meio-campista, mas como diria Lilian Thuram:"Eles são fortes, mas nós somos Juve!".