quarta-feira, 22 de agosto de 2018

A despedida inesperada de Claudio Marchisio

Grazie, Principino

Vinte e cinco anos, uma vida em bianconero, Claudio Marchisio vestiu a camisa da Juventus pela primeira vez em um jogo de futebol aos 7 anos de idade e trilhou longo caminho de vitórias, derrotas, decepções e glórias até a última sexta-feira, 17, quando rescindiu de forma inesperada, consensual e amigável seu contrato com a Juventus.

Produto da base bianconera, sem dúvidas o melhor jogador produzido em Vinovo nas duas últimas décadas, foi integrado ao time principal para a disputa da Serie B em 2006 e lá permaneceu até a sequência recorde de sete campeonatos italianos conquistados.

Nos vinte e cinco anos de Juventus, Marchisio defendeu as cores bianconeras em 389 jogos o que o deixa como o 18º jogador que mais vestiu a camisa da Velha Senhora. Foram 37 gols marcados e 53 assistências e o quarto jogador que mais venceu títulos com a Juventus, 7 campeonatos italianos, 4 Copas da Itália, 3 Supercopas da Itália e 1 Serie B.

A carta de despedida de Marchisio:


Passei os últimos 25 anos da minha vida imaginando aquilo que eu queria de me tornar e os sonhos que queria realizar ao lado da Juventus, mas não houve um só instante durante o qual pensei que precisaria viver um momento como esse. Independente de qual será a próxima etapa da minha vida, profissionalmente e não, seria inútil e incorreto da minha parte esconder que o meu coração e o meu DNA têm e terão sempre e somente duas cores.Vesti a camisa da Juventus pela primeira vez aos 7 anos e daquele momento em diante eu jamais a tirei, nem mesmo por um instante. Cresci com a sua filosofia e busquei primeiro absorvê-la e depois ser um embaixador dela, tanto em campo quanto na minha vida diária.

Diz-se que na Juventus: “vencer não é importante, é a única coisa que conta”. Por trás dessa frase, aparentemente simples, mas tão amada por nós torcedores (sim, porque embora continue me parecendo impossível, hoje é isso que eu sou), dita pelo presidente Giampiero Boniperti, está marcado o significado mais profundo do nosso modo de viver.

Vencer não é importante, é a única coisa que conta.
Quando se é um menino com um sonho, um menino entre tantos, você sabe que por aquela camisa é preciso ser o melhor. Sempre.

Vencer não é importante, é a única coisa que conta.
Quando cresce, quando o seu sonho por trás da colina é quase uma realidade, mas você não deixa subir à cabeça e trabalha duro à sombra dos seus ídolos de sempre. E dá o melhor de si a cada dia, por aquela camisa, porque aquelas listras, uma vez costuradas lado a lado, simbolizam orgulho, alegria e responsabilidade.

Vencer não é importante, é a única coisa que conta.
Quando aqueles ídolos finalmente se tornam os seus companheiros e você deve ser mais forte que as pernas que tremem com a ideia de entrar em campo em fila indiana, como um deles, em meio a eles. Del Piero, Nedved, Buffon, Trezeguet, Camoranesi e tantos outros. Porque cada um sabe que, para honrar essa camisa, deve fazer a sua parte. E esse discurso não vale só para nós jogadores, mas também para cada torcedor. A Juventus vence porque é a mais forte em campo e fora dele.

Vencer não é importante, é a única coisa que conta.
Quando se mantém fiel ao pacto de fazer todo o possível para não decepcionar nunca aqueles torcedores, os mais fiéis, os mais sinceros, os melhores que podem existir no mundo.

Quando se dá conta que aquela que por 25 anos foi a sua vida de repente não será mais o seu presente, só há uma maneira de continuar vencendo: saber que, de qualquer maneira, não perderei isso por completo por estarem na minha memória, então será sempre parte de mim e eu continuarei sempre parte de você, onde quer que eu esteja.
Com afeto para sempre, Claudio”

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